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segunda-feira, 29 de março de 2021

Governo federal pede autorização à Anvisa para testar vacina nacional contra covid-19

 


O governo federal pediu na noite de quinta-feira (26/3) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para fazer testes clínicos de fase 1 e 2 de uma nova vacina contra o coronavírus.



O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, fez o anuncio nesta sexta-feira.

Segundo o ministério, os resultados dos testes em laboratório sobre a toxicidade da vacina e sua capacidade de gerar uma resposta do sistema imune foram promissores.

"A vacina demonstrou capacidade de ativar todo o sistema imunológico - imunidade humoral, celular e inata, induzir memória imunológica e proteção de longo prazo", disse a pasta em nota.

"Ter várias vacinas nacionais é importante"

A divulgação ocorreu algumas horas depois do Instituto Butantan dizer que pedirá à agência autorização para começar os estudos clínicos de um imunizante totalmente nacional, a Butanvac.

Pontes disse que "uma coisa não tinha nada a ver com a outra". "Deve ter sido uma coincidência", afirmou o ministro, emendando que isso é "bom para o país". "A gente precisa ter várias vacinas nacionais. É importante."

Ele explicou que o governo investiu em 15 pesquisas de vacinas contra covid-19 e três avançaram para testes em humanos — a nova vacina é uma delas.

O imunizante, chamado Versamune®️-CoV-2FC, está sendo desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, em parceria com a empresa brasileira Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotechnology Corporation, dos Estados Unidos.

Os testes estão a cargo de Célio Lopes Silva, professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia da USP e pós-doutor pelo National Institute for Medical Research, em Londres.

Segundo os procedimentos da Anvisa, a análise considerará a proposta do estudo, o número de participantes e os dados de segurança obtidos até o momento nos estudos pré-clínicos que são realizados em laboratório e animais.

Vacinas brasileiras: o que o Brasil ganha tendo imunizantes nacionais contra a covid-19?

Enquanto o Brasil negocia a importação de vacinas estrangeiras contra covid-19, pesquisadores correm paralelamente atrás de recursos para produzir imunizantes 100% brasileiros.



Os projetos que parecem mais adiantados são o do Instituto Butantan, que anunciou na sexta-feira (26/3) que pretende começar testes em humanos em abril, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, e da vacina desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com empresas e apoio do governo federal, que também pediu à agência para fazer pesquisas com voluntários.

Segundo o presidente do Butantan, Dimas Covas, a expectativa é produzir 40 milhões de doses da ButanVac para serem disponibilizados em julho para a população em geral, num processo de testes que levaria três meses.

Outros projetos de vacinas com tecnologia nacional estão andamento, a maioria ainda na fase de testes em animais. Um deles é conduzido pela microbiologista Ana Paula Fernandes, do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagnóstico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 


Outro exemplo é a vacina via spray nasal de uma pesquisa liderada pelo professor da Universidade de São Paulo Jorge Kalil. Ele está fazendo testes em animais e tenta angariar recursos com empresas brasileiras para viabilizar a pesquisa em humanos.


O governo Bolsonaro também disse que dois outros projetos que receberam verbas federais avançaram e chegaram à fase de testes clínicos, além da vacina anunciada nesta sexta.


Mas o que o Brasil tem a ganhar com vacinas nacionais contra a covid-19? Não seria melhor importar?


Pesquisadores ouvidos pela BBC News Brasil citam 3 vantagens de curto e médio prazo:


- Menor dependência externa

- Rapidez na adaptação das vacinas a novas variantes

- Uso do conhecimento para criar vacinas contra outras doenças

- Menor dependência de importações


Pesquisadores apontam que um dos principais benefícios de fabricar vacinas no Brasil é reduzir a dependência do país em insumos importados. Atualmente, o Brasil importa mais de 90% dos insumos farmacêuticos usados em medicamentos e vacinas, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos.


O problema de depender de outros países ficou mais evidente durante a pandemia. O calendário de vacinação contra a covid-19 sofreu diversos atrasos por dificuldades na entrega de produtos vindos da Ásia.


As duas vacinas usadas no país, a CoronaVac, distribuída pelo Butantan, e a Oxford-AstraZeneca, disponibilizada pela Fiocruz, hoje dependem de importações da China e da Índia.
Essa dependência externa também se aplica à fabricação de outras vacinas e medicamentos. Atualmente, só existem dois institutos capazes de produzir todas as etapas de uma vacina em território nacional: Butantan e Fiocruz.>> Saiba mais...

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