por Karen R. Rosenberg e Wenda R. Trevathan
texto extraído da Scientific American, Brasil
texto extraído da Scientific American, Brasil
As dificuldades do parto provavelmente desafiam os seres humanos e seus ancestrais há milhões de anos - o que significa que o costume moderno de procurar ajuda para dar à luz pode também ter raízes antiquíssimas
Dar à luz no alto de uma árvore não é o normal para seres humanos, mas foi exatamente isso que Sophia Pedro teve que fazer no auge das inundações que devastaram o sul de Moçambique em março de 2000. Sophia sobreviveu quatro dias empoleirada acima das águas torrenciais da inundação, que matou mais de 700 pessoas na região. No dia seguinte ao parto, noticiários de TV e jornais do mundo todo mostraram imagens dela e de seu filho recém-nascido sendo retirados da árvore em um dramático resgate de helicóptero.
Salas de parto no alto de árvores podem ser fora do comum para humanos, mas não para outras espécies de primatas. Por milhões de anos, primatas se isolaram em árvores ou touceiras para dar à luz. Seres humanos são a única espécie de primata que busca regularmente ajuda para o trabalho de parto. Então, quando e por que nossas ancestrais abandonaram esse hábito independente e solitário? As respostas estão na natureza difícil e arriscada do nascimento humano.
Muitas mulheres sabem, por experiência própria, que empurrar uma criança através do canal de nascimento não é coisa fácil. É o preço que pagamos por nossos cérebros avantajados e nossa inteligência: os humanos têm cabeças excepcionalmente grandes em relação ao tamanho de seus corpos. Quem já mergulhou mais profundamente no assunto também sabe que a abertura na pelve humana por meio da qual o bebê precisa passar tem seu tamanho limitado em função de nossa postura ereta. Mas só recentemente os antropólogos começaram a se dar conta de que as complexas torções e giros que os bebês humanos fazem enquanto percorrem o canal de nascimento vêm preocupando os humanos e seus ancestrais há, no mínimo, cem mil anos. Indícios de fósseis também sugerem que foi a anatomia, e não apenas a nossa natureza social, que levou as mães humanas - em contraste com nossas parentes primatas mais próximas e com quase todos os outros mamíferos - a pedir ajuda no parto. Na verdade, o hábito de procurar assistência talvez já existisse quando o mais antigo membro do gênero Homo apareceu, e possivelmente data de cinco milhões de anos atrás, quando nossos ancestrais começaram a andar eretos regularmente.
Como o bebê humano nasce voltado para trás, com a parte de trás da cabeça contra os ossos púbicos da mãe, é difícil para a mulher guiar a criança para fora do canal de nascimento (a abertura na pelve da mãe) sem ajuda.
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